quarta-feira, 19 de novembro de 2008

castelo ou escada?


"entrar num imponente castelo ou subir uma escada enorme que aparece no meio do campo e cresce até ao céu?"

[mas cuidado: lembrem-se dos conselhos deixados pelo grupo de conselheiros...]

São os dois cenários possíveis, dois caminhos imaginados para a ovelha exploradora. Uma ovelha corajosa, senhora do seu bigode, destemida guerreira de espada vermelha. O que acontece a seguir? Que histórias se desembrulham para continuar a viagem?

Com a preciosa ajuda da Alberta Alforreca, da Prof.ª Rita Romã e de todos os imaginadores do 4º ano A, demos o e apertámos nós lá dentro, concluindo assim a primeira inclusão.

Quatro grupos pensaram quatro aventuras para a ovelha, escreveram histórias com castelos, nuvens, escadas, guardas, cães, reis, rainhas e até a batalha de Aljubarrota! Depois, dramatizaram essas histórias, explorando as situações no espaço, em estátua e movimento.

Cansada de tantas aventuras, a ovelha descansa agora na mala de uma 4L branca [como as nuvens...]. Não se preocupem, é um sítio seguro.

Amanhã segue viagem...













terça-feira, 18 de novembro de 2008

é uma ovelha!

É verdade, a bota já não é uma bota. Mas pensamos que continua a ser alentejana, uma verdadeira ovelha alentejana, que quer ser exploradora e passear pelos campos e subir até às nuvens. O 4º ano do Prof. Francisco pensou, ponderou, e decidiu, democraticamente, avançar com um grande projecto de transformação:

transformar a bota numa ovelha exploradora.

Com a ajuda da Rosa, que é artista plástica, foi possível concretizar esse projecto. Formámos quatro grupos de especialistas transformadores: o grupo dos desenhadores [que projectou um mundo para a ovelha poder viver]; o grupo dos construtores [que se dedicou à mágica e radical tarefa de transformar uma bota numa ovelha]; o grupo dos cenógrafos [que tornou verdade o projecto daquele mundo e construiu as partes que o constituem]; e o grupo dos conselheiros [que pensou, pensou, e chegou a uma lista de conselhos para uma ovelha exploradora num mundo novo].

Aqui fica a lista de importantes conselhos para a nossa ovelha:
1. não subir às nuvens
2. andar sempre pelo campo
3. comer muita erva porque faz bem
4. ter cuidado com os homens dos castelos e com os caçadores
5. arranjar uma cama confortável para quando tiver sono ou estiver cansada
6. fazer amigos
7. ter cuidado com os cães
8. brincar muito com os amigos
9. não falar com desconhecidos
10. tentar encontrar uma quinta com um rebanho de ovelhas
[acho que vou seguir também alguns destes conselhos...]

Este nós ficou hoje maior e amanhã continuará a crescer...









segunda-feira, 17 de novembro de 2008

começou o primeiro nós

A bota esquerda alentejana que quer viajar chegou hoje à escola da Cruz da Picada! Conheceu pessoas novas e andou de mão em mão. Com a turma do 3º ano, com a Prof.ª Tita e o Alexandre, que é músico, aconteceu o primeiro encontro! Foi contada a história da bota esquerda e da sua despedida da bota direita; das suas primeiras aventuras sozinha pelo mundo, em Montemor. Depois, demos um à nossa volta e, do lado de dentro, pusemo-nos a pensar... e com a ajuda dos sons que o Alexandre pôs no ar a dançar, escutámos os desejos que a bota nos confiou ao ouvido e sonhámos com o que ela podia ser amanhã.

Será que a bota se vai transformar numa palmeira de música, que toca flauta e bateria, que canta e dança? Será que se vai transformar num barco no meio de um mar cheio de coisas perdidas? Ou numa ovelha que quer ser exploradora, subir ao castelo e trepar por uma escada até às nuvens?

Só amanhã saberemos, quando alargarmos o nosso nós ao 4º ano do Prof. Francisco e à Rosa.

Amanhã a bota deixa de ser uma bota para ser transformada noutra coisa completamente diferente...










domingo, 16 de novembro de 2008

primeira paragem: Évora

É já amanhã que começamos a fazer nós
no MUSEpe [MUS-E programa escolhas], EB1 da Cruz da Picada, no âmbito das actividades da Oficina dos Saberes.

A bota esquerda da Alberta começa amanhã o seu percurso nómada.
Será verdadeiramente a primeira
intervenção
inclusão
transformação

o primeiro encontro: o primeiro "nós"

a primeira experiência a caminhar sozinha












fotos de Hugo Martins

a história de uma bota esquerda alentejana

"A Bota Antes"
por Alberta Lemos

Nasceu, nasceu. Cresceu, cresceu.

Ainda semente a bota percorreu quase 500 Kms para poder nascer.
Nova e forte, num chão novo e forte.

A bota queria ser alguém. E não é a bota já alguém? A base de alguém, o seu chão, o porto seguro, o equilíbrio, a terra pisada, o real mundo. E pois, como gente queria amigos. Amigos e muitas viagens. Amigos com cães para passear nos montes. Amigos com beijos para passear na praia. E amigos quietos, amigos-ouvidos-tesouros, apenas para ficar sentados, noite, dia, sol e chuvas.

É a esquerda, dizem que a da emoção, ligada a um pedaço de cor não tão vermelha como o imaginado, que bate e que chora. Muitas vezes. Vezes que não são mais importantes do que os caminhos que ela percorre.

Ah! Esqueci-me de vos contar que a bota nasceu num mês de Maio do ano de 2005. Um Maio cor-de-laranja, lembro-me perfeitamente. Nasceu assim simples, em plena tarde numa calçada [dizem que histórica e digna de muitas memórias], numa cidade sem guardas, de muitos reis e rainhas.

Um dia a bota queria pisar muito e foi a Espanha. Longe para uma bota recém-nascida! Ela gostou de sentir calor e sul... achou até que poderia ser de outros cantinhos do mundo...

Abram-se então as portas dos castelos e que grite a mensageira:
" - Ei-la aqui, Vossas Majestades, para com ela fazerdes a viagem! Qualquer viagem. Uma viagem. A VOSSA VIAGEM!"

cinema mudo

"duas botas despedem-se"

viveram sempre juntas até hoje
viram-se sempre em espelho
reconhecendo-se e confirmando-se
uma na outra
não sabendo quem começa e quem acaba
o caminhar

são um par

que agora se reparte
em muitas partes

o par direito caminha na espera
aguarda em silêncio no quarto da Alberta
que é caminho interior
provavelmente vão falar muito
ter muitas conversas privadas
a bota direita e a Alberta
sobre o par esquerdo
e as suas aventuras de viagem

o par esquerdo inicia-se
no desconhecido do caminho
pelas mãos de muitas pessoas
mãos diferentes
as mãos
sendo também pares
são sempre diferentes
a esquerda da direita
as minhas das tuas
são também terra de muitos caminhos
olha para a palma da mão e verás

hoje
as duas botas da Alberta despedem-se
uma fica e uma parte
ambas iniciam uma viagem
que será surpreendente
e transformadora

e nós
começamos também





trailler de despedida
















fotos de Hugo Martins