segunda-feira, 22 de março de 2010

géa

O mundo passou pela Foz do Arelho, pelas mãos de alguns dos artistas que fazem o MUS-E nas escolas de Portugal, Espanha, Bélgica e outros ainda mais nómadas [do projecto Sharing Voices].
Não, não foi batota, porque estes artistas são uma espécie de meninos e meninas grandes, com muita vontade de jogar, aprender e partilhar brincadeiras. Para além disso, têm as mãos e os olhos muito parecidos com os das crianças, ou seja, o mundo ficou muito bem entregue: eles souberam olhar, tocar e cuidar...

Mas, como sempre acontece quando se juntam pessoas criadoras, deu-se uma transformação. Muito radical, como o acto de fazer arte é! Foi mais rápido do que o habitual, porque o Encontro Nacional de artistas MUS-E durou dois dias, mas garanto-vos: foi uma transformação fantástica!

Primeiro, a Eva, com a dança e o movimento, ajudou-nos a sentir o mundo, tal como nos chegou às mãos vindo de S. Lourenço.
Como é ser mundo e rebolar?
Como é ser redondo e girar?
E que novas formas pode este mundo tomar?







Das ideias que surgiram fizemos uma só, porque essas ideias estavam mesmo a pedir para se juntarem, e todos assim concordaram.





Então ficou decidido que o mundo azul, que viajou da escola de S. Lourenço até ao Encontro na Foz do Arelho, se havia de transformar...

numa ESPIRAL QUE TEM O COMEÇO NUMA SEMENTE PEQUENINA MAS QUE TEM O PODER DE CRESCER ATÉ AO INFINITO E GERAR VIDA PORQUE VIVE NUM LUGAR MUITO HÚMIDO E FÉRTIL

uff... que nome comprido!
Ainda bem que os conselheiros resolveram chamar-lhe simplesmente
GÉA

Ora, mãos à obra, vamos lá transformar este objecto azul:
os construtores desfizeram a forma do mundo [e lá dentro encontraram muitos segredos... um dragão enrolado, restinhos de pêlo de ovelha, e o que parecia ser uma parte de uma bota...];



os projectistas projectaram no papel a Géa e toda a sua complexa existência e envolvência;



os cenógrafos trabalharam em diálogo com os projectistas e fizeram o mundo de Géa saltar do papel para o espaço;



os conselheiros, sábios pensadores, escreveram o seguinte:

"local e data de nascimento: Foz do Arelho, 14/03/10
nome: Géa
pai/ mãe: adultos
destino: Quinta do Alçada, Leiria

objectivos de vida: veículo transmissor de conhecimentos; proporcionador de experiências tactéis, visuais, olfativas, auditivas [e paladar, se houver maçãs no cenário]; transmissor de raciocínio, ideias... pensamento lógico; proporcionador de contacto físico entre as pessoas; desenvolve a criatividade e a imaginação

impacto no destinatário: surpresa, novidade, organização espaço-temporal, partilha, confiança, amizade... recriação

qualidades de Géa: afável, desinibida, maleável, moldável, permeável, frágil, camaleónica, mente aberta, tem vida própria, é plena de conhecimento porque contém em si um conjunto de fragmentos acabando por criar unidade

conselhos para Géa: cuidado na viagem, és frágil; deves abrir-te sem constrangimentos aos teus novos criadores; deves aceitar bem a diferença e não ser preconceituosa

a Géa é: perene, eterna, imortal"




Tantas coisas para dizer sobre Géa!
Tantas coisas para esperar dela, tantas expectativas...

O mundo de Géa parece complexo, mas a música tem o poder de tornar tudo inexplicavelmente simples. A música aponta certeira ao coração, à emoção, à pele que se arrepia. Com a voz, o corpo e instrumentos surpreendentes, procuramos a sonoridade desta tão nova Géa.

Juntos arrepiámo-nos.
Num círculo musical.
Num nó improvisado.
Num grande NÓS.









Obrigada a todos os que participaram na feitura deste NÓ!
E boa sorte Géa! Boas viagens!
Que sejas tudo o que para ti sonharam.